*imagem da internet
MINICONTO: O Anjo apanhador de memórias e o 'louco' por saber sorrir!
Eles falaram que eu só iria ficar aqui por três meses... ainda bem que estão muito atarefados cuidando de suas mentiras e vaidades, pois foi só a partir do quinto mês que ele - meu amigo anjo - veio pra conversar... pra me falar que estou no caminho certo!
Essa clínica aqui é muito gelada de dia e mais ainda à noite, seus corredores fazem com o eco, meus passos se multiplicarem. As pessoas me chamam de doido, louco, maluco... dizem que falo demais, pior são elas que DIGITAM demais e com suas cabeças baixas, mais parecem zumbi (risos)!!!
Após o jantar - bandeja de remédios - eu sempre apago a luz e deixo uma pequena fresta na persiana da janela pra ver o brilho que emana da sua presença, do seu pouso, isso ocorre geralmente às três da manhã... Ah é, eu ainda não falei do meu amigo pra vocês, né? Ele me disse que é um ‘inspetor’, vem sempre à noite tocar literalmente no peito dos humanos, dessa forma, com seu toque angelical, ele apanha uma cópia de suas memórias e leva para o supremo - o todo poderoso Yahweh -! Acho que ele gostou mesmo de mim porque me falou que está garimpando memórias a uns 600 km ao norte... Ainda bem que ele tem asas, não é!
Esse meu amigo é forte feito uma rocha, seus músculos corroboram sua casta e suas lendas, acho que ele não é um inspetor não, e sim um guerreiro!!! Ele parece ter 1.90 metros de altura, por aí... ele mau passa pela janela (risos), sua voz é firme feito um trovão, mas flerta com sua calmaria calculada. O brilho?... parece plasma, mas eu não sei o que é plasma (risos)! Ele me deixou tocar suas asas - é... esplendoroso, rasga a carne, mas de um modo majestoso, parece seda, não consigo definir, é estranho, sai do dorso, parece que dói... acho que eu não quero ter asas! Ele me contou um pouco sobre sua morada no mais alto do céu... lá tem tipo uma rua cercada por pinheiros, que vai se afunilando na linha do horizonte... na entrada tem pilastras redondas de mármore muito altas, estas, dão as boas vindas com sua imponência. Logo na entrada tem duas escadarias com apoios de mãos que são fundidos em ouro, o lustre mais simples é esculpido em diamantes. Ao fundo, o pátio se divide entre jardins pré-fabricados, colunas redondas, talhadas a mão e revestidas em mármore... e cascatas finalizam a grandeza da morada!
Eu queria conhecer lá, mas como não quero ter asas porque acho que dói, concluo que seja impossível realizar esse desejo. Não me lembro do nome do meu amigo anjo, tô confuso por causa dos remédios... não sei se era Miguel, Gabriel, enfim... Acho que já falei demais né?!!! Eu tô velho... Minha "sanidade" se foi, assim como meus familiares que estão ocupados demais com suas ‘conquistas’ tolas.
Você já viu um anjo? Duvido!!! Afinal o doido aqui sou eu!!! Mas uma coisa é certa, cuide do que venha a ser suas "memórias" na terra, porque se no final das contas o louco não for eu, mas sim você, suas "memórias" serão a base do seu ‘julgamento’, serão moeda de troca para uma possível... continuidade!!!
Bom, era isso... Agora tenho que ir porque já são quase três da manhã e você já sabe né... FIM
Por: Anderson Horizonte
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Site do escritor: www.andersonhorizonte.com
Anderson Horizonte
Enviado por Anderson Horizonte em 22/11/2017
Alterado em 22/01/2021