*montagem através de fotos da Internet
Conto: Cidade das Flores
[...]
Do Alto dos seus ‘pouco mais de cinco anos', Laura não sabia usar outro tênis, senão seu pequeno par de All Star. Além do mais todas às vezes que ia ‘passear na cidade das flores’ fazia questão do seu vestido rodado, brilhoso e com asas de borboletas.
- Papai ‘hoje’ quero ir de ‘boboleta’
O que a pequena Laura não sabia, não fazia ideia era; que a ‘cidade das flores’, aquele jardim, se tratava do lugar onde sua querida mãe ‘descansava’ após árdua luta contra uma triste doença... Laura não sabia porquê seu pai parecia chorar num lugar tão bonito. Enquanto o que o pai não sabia era; como contar a uma ‘borboleta’ que uma daquelas belas ‘flores’ era, justamente, sua linda mãe.
- Só se você pousar em mim, filha, e em mim permanecer para sempre!
Eles partiram, foram cumprir as formalidades de suas visitas mensais; o pai sentou-se em sua cadeira de praia, abriu um livro - um que sua amada havia lhe presenteado -, no capítulo dois as lágrimas vinham em torrente, toda vez. Laura? Laura como sempre; dançou feito borboleta sobre seu All Star, girava nos calcanhares assoprando flores no ar. [...] Mais tarde naquele mesmo dia a pequena Laura perguntou ao pai:
- Por que você estava chorando, papai?
- Porque não se pode ter tudo, filha. O papai não pode mais ter a borboleta e a flor.
- Pode sim, papai, pode sim.
Foi então que Laura, que insistia em não tirar - ainda - seu vestido rodado, All Star e asas de borboleta, lhe entregou uma flor, não a ‘dente-de-leão’ - dessa a menina perdeu a conta de quantas ela assoprou no ar -, o pai recebeu de presente uma ‘flor de lótus’, que nem um nem outro faziam ideia do seu significado: renascimento. Então por aquele belo gesto, ele, humildemente, e com os olhos marejados, se ajoelhou para ficar da mesma altura da pequena, assim dirigiu-se à filha corrigindo seu ‘erro’:
- Obrigado, filha, você acaba de provar que podemos, sim, ter tudo e de alguma forma eu tenho tudo, tendo... você.
- Eu sou ‘tudo de bom’, papai – disse a menininha. O pai não poderia resistir aos encantos, então colocou-a no alto, girou, girou e enquanto as asas do vestido subiam e desciam, suavemente, ela dizia bem alto: - Eu sou uma ‘boboletaaa’. Ao mesmo tempo que ele ‘trocava de mal’ com a dor, se esquecia do que passou e... sorria. Aquele momento, o riso, o alçar voo da borboleta, era tudo o que tinham. E o amanhã? O amanhã para todos - para eles e para nós - é um novo dia. Uma nova história, uma nova... vida!
P.S. esse conto é sobre; "aproveitarmos todos os nossos "tudo" a todo momento."
Por: Anderson Horizonte – Autor do romance ‘Rios de lembranças’
Instagram: @andersonhorizonte_escritor
"Em homenagem a uma pessoa que perdeu uma pessoa."